quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Repasso, abaixo, um desabafo recebido por servidor estadual.

Lembro que, além das informações abaixo, todos os sites do estado estão temporariamente fora do ar, por motivos eleitorais. Acho engraçado que em outros estados isto não tenha ocorrido. Em Minas Gerais até mesmo o site do palácio das artes está parcialmente interrompido.

Friso que além dos sites de estruturas estaduais estarem de bico fechado e sem o devido serviço ao cidadão, tudo para não macular a imagem do governo Aécio/Anastasia, os servidores públicos estaduais foram instruídos a não manifestarem-se sobre política, até o fim do período eleitoral. Mesmo através de emails pessoais esta manifestação não poderia ser feita, segundo anúncios oficiais do governo. De acordo com o anúncio, os servidores estariam ferindo o código civil ao se manifestarem.

Gostaria de saber, queridos Aécio e Anastasia, que "Liberdade" é essa do Minas Way of Life, que além de coibir toda e qualquer crítica, retira os serviços e as possibilidades de informação dos cidadãos do estado, além de proibir a voz aos seus servidores.

Em que época da história estamos, meu Deus? Será que eu errei em minha regressão e acordei no pós 64?

Alguém enxergue esta loucura, pelo amor de deus.


DECLARAÇÃO DE VOTO

Para quem acredita que a democracia é um valor fundamental e que deve ser buscado sempre, veja 8 razões para não votar em Anastasia para governador, considerando que o governo Aécio/Anastásia fere princípios básicos da democracia:

1. Liberdade de imprensa: O governo Aécio/Anastasia usou/usa de diferentes, poderosas e eficientes estratégias para exercer um controle poderoso sobre os meios de comunicação. Isso permite impedir a publicação e divulgação de qualquer informação que aponte problemas da sua administração ou de suas pessoas. Isso garantiu, por exemplo, que por ocasião do escândalo do “mensalão” não fosse noticiado que o grande ator do processo, o publicitário Marcos Valério era (ou é?) sócio do então vice-governador de Aécio; que a grande parte da publicidade do governo de Minas (que não é pouca nem barata) era executada pelas empresas de Marcos Valério e do então vice-governador; que quando as investigações na CPI do mensalão se aproximaram de pessoas próximas do então governador, houve arrombamento e roubo de documentos da CPI (isso mereceu uma pequeníssima nota em um jornal de São Paulo).

2. Cerceamento do dissenso e coerção das vozes dissidentes: O governo Aécio/Anastasia não permite a manifestação de dissenso, usando de mecanismos como a pressão e coação institucional, a articulação de redes, para calar as bocas, tanto no âmbito da administração pública (onde conta com instrumentos mais evidentes) quanto fora, fazendo, por exemplo, que pessoas que ousaram fazer críticas ou denunciar fatos fossem demitidas e tivessem dificuldades para conseguir empregos.

3. Falta de informação confiável: O governo Aécio/Anastasia impede a livre circulação de informações, inclusive as produzidas no âmbito acadêmico quando os pesquisadores são integrantes do quadro do governo estadual; distorce e encobre informações institucionais – o que leva ao descrédito nas informações institucionais por parte de quem percebe a estratégia; exerce coação sobre técnicos e pesquisadores de instituições governamentais do Estado quando os resultados de estudos não condizem com o retrato de Minas como o “melhor estado para se viver” – um dos construtos midiáticos do governo.

4. Absoluta falta de transparência: o resultado dos três comportamentos anteriores é a falta absoluta de transparência; sendo o retrato de Minas e do choque de gestão que é exibido uma grande construção de marketing, muito bem sucedida.

5. Administração tecnocrática e fechada à participação: O governo Aécio/Anastasia, a partir de uma concepção elitista de democracia, governa de forma discricionária, concentrando o poder de decisão em poucas, muito poucas, senão em apenas duas mãos, e impondo de forma truculenta, autoritária e arrogante, o cumprimento de decisões por meio de estratégias de vigilância, controle e coerção. Ao se auto declarar como portador da modernidade gerencial, o governo Aécio/Anastasia adota concepções de gestão pública já superadas internacionalmente, embora seja sua principal peça de marketing, que na ausência de dissenso possível, e de tanto repetida, vira verdade. A reforma da gestão se limita a reformas organizacionais, restrita à busca de formas consideradas mais eficientes de atuação do governo e não levam em conta o aprimoramento dos mecanismos de articulação entre governo e sociedade como forma de se aproximar daquilo que se chama de interesse público. Parte-se do princípio que o interesse público é definido arbitrariamente a partir do entendimento do círculo reduzido do poder e não de que ele é construído a partir do debate democrático e amplo – coisa que não cabe no governo Aécio/Anastasia, embora a imagem de Minas como o berço da liberdade seja utilizada reiteradamente.

6. Ausência de oposição: por razões ainda a serem explicadas, e embora parte da população mais bem informada, particularmente os funcionários públicos que acompanham a administração Aécio/Anastasia e não foram cooptados pelas remunerações especiais e diferenciadas, tenha conhecimento do teatro da gestão Aécio/Anastasia, não existe oposição relevante no estado: cala-se a imprensa, cala-se a Assembléia Legislativa, calam-se os movimentos sociais, cala-se o Ministério Público, calam-se os candidatos oposicionistas. Parece ser a síntese da falta de democracia: todas as bocas fechadas e completo consenso aparente...

7. Discurso universalista com práticas particularistas: O governo Aécio/Anastasia esbanja discurso universalista, mas não titubeia em cumprir a risca a velha máxima: “para os amigos tudo, para os inimigos a Lei”. Pessoas comprovadamente não eficientes são alocadas em posições especiais e vice-versa: os comprovadamente eficientes mas não alinhados são alijados afrontosamente. Simulacros de processos seletivos isentos acobertam indicações nem sempre políticas, mas pessoais, a partir de afinidades pessoais.

8. O governo mente para a população: na ausência de oposição e de controles institucionais (que não funcionam em Minas para o governo Aécio/Anastasia), mente-se para a população, em nada contribuindo para o desenvolvimento da cidadania. Um exemplo na campanha eleitoral é atribuir o alto valor da conta de luz mineira ao governo federal; é dizer que a educação em Minas melhorou sem falar que isso se deve mais às escolas municipais do estado, etc, etc,etc...

Por essas razões, mesmo sem entusiasmo pelo candidato oposicionista, é que declaro meu voto contrário à Anastasia, como forma de tentar restaurar a democracia em Minas Gerais, com a possibilidade do dissenso e da crítica. Com a ajuda de Patrus, é possível e muito melhor votar em Hélio Costa, o único candidato com possibilidades reais de derrotar a candidatura não democrática de Anastasia. E fazer Minas honrar com a tradição de ser “o berço da liberdade”.



Assinado: Antonio Maria

(esse é um pseudônimo, também tenho medo do rolo compressor e da mão pesada sobre os opositores do governo Aécio/Anastasia).

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