quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu não admito mais!

Chega, eu não admito mais. Não admito engolir goela abaixo a cor de cada cocô da presidenciável Dilma e nem quais são os defeitos de cada fio de cabelo de quem a cerca. Eu não aguento mais ver a áureola que se tenta formar em torno do cocoruto velho de Serra, enquanto ele mesmo surta e desfaz de jornalistas e só diz o que quer. Eu não aguento mais uma imprensa que acusa um presidente de tirar-lhe a liberdade de expressão quando esta mesma imprensa planta factóides e denúncias, minuciosamente preparadas, inclusive com cronograma planejado, e não dá nenhuma possibilidade de resposta ou contraposição de suas idéias divinas.
Liberdade de imprensa e de expressão significa que ouviremos muitos lados, sabendo o que estamos lendo, quem estamos lendo e o que isto significa em termos de apoios políticos, sem se esconder diante da hipocrisia da isenção. Não significa ouvir somente aquele a quem interessa no momento.
Dizer que é urgente a regulamentação da profissão de jornalista e dos meios de comunicação é o mínimo. Ela é essencial pra que continuemos respirando sem vomitar a cada jornal aberto e entrevista de última hora concedida. Ela é fundamental para que possamos acreditar minimamente no que vemos, lemos e ouvimos, ao invés de desejar implodir os meios de comunicação e se livrar desse zum zum zum direcionado e totalmente determinado politicamente. Ela é crucial para que possamos retomar um mínimo de dignidade no que se chama de jornalismo no país.
A dignidade dos meios de comunicação está abalada, talvez de forma irreversível a curto prazo. Prova disso é a descrença com que o eleitor tem visto a enxurrada de informações levadas a cabo por todas as maneiras possíveis - que incluem desde reportagens, impressas, televisionadas, levadas à rádio, até emails, músicas, vídeos e tudo mais criado e distribuído no meio cibernético - e como está sendo discreta sua influência na decisão de voto do eleitor.
O governo Lula nunca foi aturado, assim como Dilma também não o será. O interessante como recado é exatamente que os meios de comunicação devem tomar cuidado: além de ficar sem seu candidato no governo, ainda correm o risco de ficar sem legitimidade para seguir adiante.
Esta falta de legitimidade - que atinge também a oposição que, assim como a mídia, caiu do salto alto e levou tão grande tombo que agora só tenta dar rasteiras sucessivas no partido da situação e rasteja rumo a uma desmobilização total de suas próprias bases ideológicas - não é boa para o país. Informações das várias vertentes, oposição de idéias, embates de opinião, tudo isso faz parte de uma constituição democrática de sociedade. E agir de forma irresponsável neste sentido, como o fazem atualmente a mídia e a oposição, faz com que seja desmantelada a possibilidade democrática de nosso país.
Portanto, não acusem Lula e cia por falta de democracia e civilidade. Acusem a própria mídia e oposição por acabar com o próprio direito salutar de se contrapor e ainda por cima de fazer estardalhaço para unir esta imagem à do atual presidente e sua sucessora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário